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Desperdício hospitalar: mapeando com os principais indicadores

Atualizado em: 05/12/2023
Tempo de leitura: 4 min
Sumário

Como mapear o desperdício hospitalar com base em indicadores de desempenho logístico

Desperdício hospitalar tem sido um tema amplamente debatido. Há consenso de que combatê-lo é uma prioridade que representa, dentre outros aspectos, grande oportunidade econômica para os hospitais.

Mas convenhamos, um problema que envolve processos, comportamento e cultura organizacional dificilmente se resolverá da noite para o dia, correto?

Encarar esse desafio significa, antes de mais nada, mapeá-lo.

Este artigo apresenta indicadores de desempenho logístico que podem ajudar a expor falhas organizacionais que corroem preciosos recursos hospitalares todos os dias.

Hospitais: desafio gerencial de grande porte

Hospitais são organizações complexas e de grande desafio gerencial, pois mobilizam recursos humanos altamente capacitados, tecnologia avançada e processos e recursos com elevada variabilidade.

Num cenário globalizado e repleto de contingências e outros desafios emergentes, hospitais são desafiados a tomarem decisões cada vez mais complexas em espaços de tempo cada vez mais curtos. Informações confiáveis e oportunas nunca foram tão críticas para o suporte à decisão como agora.

Indicadores de desempenho em saúde

Indicadores de desempenho são utilizados para mensurar e monitorar a performance de uma infinidade de processos e organizações. Fornecem base analítica para comparação e benchmarking, sendo assim, fundamentais para o gerenciamento de variáveis críticas que exercem grande influência sobre o resultado de objetivos previamente definidos.

Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia.

William Edwards Deming

Na área hospitalar, indicadores são diversos e consagrados há muito tempo. Taxa de ocupação, por exemplo, é um clássico de grande relevância.

A American Hospital Association (AHA) chegou a publicar cerca de 750 indicadores de desempenho em seus relatórios, elaborados como base em 3 mil hospitais norte-americanos.

Existem no Brasil importantes iniciativas que atuam nesse âmbito, colhendo e publicando indicadores de seus hospitais associados, sendo as principais:

  1. PROAHSA – Programa Assistencial Hospitalar e da Saúde
  2. CQH – Controle de Qualidade de Assistência Hospitalar
  3. SIPAGEH (Sistema de Indicadores Padronizados para Gestão Hospitalar)
  4. ANAHP – Associação Nacional de Hospitais Privados

Posto que o maior interesse pelos indicadores parte, via de regra, da área de controladoria, é natural que a ênfase seja dada a indicadores de natureza contábil e financeira.

O Ministério da Saúde brasileiro, por sua vez, procura enfatizar a importância de indicadores associados ao atendimento e operações.

Cadeia de suprimentos hospitalar: de olho no desperdício

Ocupando o 2º lugar no ranking das despesas hospitalares e também o nº 1 em geração de receitas, merece foco igualmente a cadeia de suprimentos. Indicadores que contemplem essa área têm muito a contribuir com a saúde financeira dos hospitais.

A grande variedade de itens combinada com a natureza perigosa dos riscos de desabastecimento estimula o superdimensionamento de estoques em hospitais, o que resulta em diversas consequências negativas:

  • recursos financeiros imobilizados
  • má utilização do espaço físico
  • alto consumo de energia
  • perdas por vencimento

Sob essa ótica, certos indicadores de desempenho em logística podem ser considerados de grande aplicabilidade no âmbito hospitalar. Vejas quais são os principais e como aplicá-los:

1. Pontualidade: indica a capacidade de “horar compromissos” com clientes em relação aos prazos para um determinado serviço. Na logística hospitalar, pode ser aplicado para verificação de capacidade de atendimento de uma determinada unidade de estoque, por exemplo.

Como calcular:

 

2. Flexibilidade: indicador que diz respeito à capacidade sistêmica de lidar com situações “fora do planejado” como, por exemplo, uma solicitação de antecipação de uma entrega.

Como calcular:

3. Tempo médio de atendimento: TMA é um dos principais indicadores de atendimento ao cliente. Mensura o tempo médio dos atendimentos realizados. Pode ser aplicado na logística de pacientes e também, de forma menos óbvia, na avaliação da resposta de atendimento das demandas da logística de medicamentos.

Como calcular:

4. Qualidade das entregas: materiais solicitados podem ter sua qualidade de entrega aferida por meio deste indicador.

Como calcular:

5. Estoque médio: é muito comum se mensurar o estoque máximo e estoque mínimo, mas negligenciar este, que é igualmente importante. Estoque médio é um indicador extremamente versátil, sendo muito útil nas tomadas de decisões. É comum que seja utilizado como referência na formulação de outros indicadores, como o giro de estoque.
Há várias formas de se calcular o estoque médio, sendo mais comum empregá-lo na análise de um período.

Como calcular:

No caso de materiais que operam com estoque de segurança, ou estoque mínimo, a seguinte fórmula pode ser aplicada:

6. Giro de estoque: mede a renovação de estoque em um determinado período. Em outras palavras, demonstra quantas vezes um item foi renovado, tendo havido saída e reposição.

Fórmula clássica:

Em hospitais, entretanto, em que o estoque é composto por uma variedade de itens e de custos variados, pode-se utilizar o custo de compra no lugar da quantidade de produtos.

Giro de estoque:

Exemplo:

  • volume de saídas no período = US$ 2.500.000,00 a preço de compra
  • estoque médio a preço de compra = US$ 125.000,00
  • número de giros do estoque: 2.500.000/125.000 = 20

7. Acurácia de estoque: trata-se de um indicador importante para mensurar a confiabilidade dos estoques e de sua gestão. Se as informações levantadas no estoque são diferentes das que constam no sistema, pode-se dizer que seu desempenho é baixo.

Como calcular:

Pode-se também, com esta fórmula, aferir a divergência:

Conclusão

A cadeia de suprimentos representa um dos maiores custos nos hospitais, e por isso sua gestão se torna um alvo crítico.
Combater o desperdício hospitalar é algo que cresce em importância, mas que requer informações oportunas e que orientem à ação.
Indicadores de desempenho logístico possuem ampla aplicação no setor hospitalar e podem ser úteis para ajudar a expor e monitorar fissuras organizacionais que agem de forma sistêmica causando desperdício de recursos hospitalares diversos.

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Equipe Sisnacmed

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